O DIÁCONO |
O DIÁCONO
A palavra diácono tem um significado muito simples. Veio transliterada
da língua grega diretamente para a portuguesa. Na língua original, quer dizer
"servo".
Tudo indica que a função, conquanto se evidencie no Novo Testamento
com este nome, já existia na sociedade hebréia. Moisés tinha os seus
auxiliares, porque seus afazeres extrapolavam a sua capacidade humana. Tinha
ele, portanto, um pugilo de homens que atendiam a segmentos mais particulares
do povo de Deus.
Na Igreja Apostólica, atribui-se ao relato de Atos 6 a instituição
diaconal. Por ele, verificamos que a função foi criada para que os pastores
fossem assistidos, havendo quem cuidasse dos misteres materiais da comunidade
cristã. O projeto de trabalho de Deus, portanto, coloca o pastor no ministério
da palavra, do ensino e da oração (6.4), e o diácono na beneficência,
assistência e ação social. (6.1-3). E os dois trabalhando em franca harmonia.
E porque esse é um trabalho de essência, os indicados deveriam ser
pessoas de qualidade espiritual, exemplo para os mais novos e inspiração para
todos (6.3) Os requisitos exigidos dos diáconos são muito claros na Escritura e
estão relacionados em Atos 6.3; e 1Timóteo 3.9-13. O diácono deve ser
confiável, cheio do Espírito Santo, cheio de sabedoria, respeitável, pessoa de
palavra, temperante, não ganancioso, ter uma consciência limpa, irrepreensível,
que bem administre os problemas de sua família, que seja um marido fiel, bom
pai, que tenha boa reputação, prudente, equilibrado, acolhedor, tenha
capacidade de ensino, não levante conflitos, seja tolerante e calmo. E Paulo
acrescenta no caso das diaconisas: não sejam maldizentes (segundo a Nova
Tradução na Linguagem de Hoje, não faladeiras), moderadas, e fiéis em tudo.
Refletiremos sobre essas qualidades, objetivando ter uma visão
abrangente, embora sucinta, do ministério diaconal, auxiliar em tudo do
ministério do seu pastor.
PESSOA DE CONFIANÇA
No segmento acima, relacionamos os requisitos exigidos dos diáconos e
expostos na palavra de Deus. Os primeiros estão descritos em Atos 6.3.
Não poderia ser mais claro: o diácono há de ser uma pessoa confiável.
Isso significa ser alguém em cujos olhos você lê caráter, honestidade e olhar
sincero. É uma pessoa em quem não há falsidade. No livro de Jó, a falta de
confiabilidade é coisa própria do ímpio. O capítulo 8, versos 14 e 15 desse
livro dizem que "a sua confiança é como a teia de aranha.
Encontra-se à sua casa, mas ela não subsiste; apega-se a ela, mas ela
não fica em pé".
Muita gente entrou em contato com Jesus e Seu ministério. O Evangelho
de João declara que o Mestre não confiava em todos, como está expresso em 2.24:
"Mas Jesus não confiava neles, pois a todos conhecia". Mesmo na
comunidade cristã, havia pessoas a quem faltava essa abençoada qualidade. É o
caso de Diótrefes, cujo comportamento é censurado e os irmãos alertados por não
ser uma pessoa de confiança, pois "quem faz o bem é de Deus; mas quem faz
o mal jamais viu a Deus" (3Jo 9, 11). Paulo também menciona pessoas no
meio dos primeiros discípulos, como é o caso de Alexandre (cf. 1Tm 4.14).
Pois é; um diácono, uma diaconisa há de ser pessoa de altíssima
confiança, e que compreende o alto relevo de sua função no ministério entre o
povo de Deus.
CHEIO DO ESPÍRITO SANTO
A palavra de Deus não faz por menos: o diácono há de ser uma pessoa
plena do Espírito de Deus. Que significa essa expressão tão rica de colorido?
A base para a entendermos está em Efésios 5.18: "Não vos
embriagueis com vinho, em que há devassidão, mas enchei-vos do Espírito".
Por incrível que possa parecer, há um paralelo entre a intoxicação alcoólica e
o ser cheio ou pleno do Espírito. Quando alguém se embriaga, seu andar, seu
falar, seu tocar estão controlados pelo espírito do vinho, pelos seus vapores.
Quando alguém está cheio do Espírito, seu tocar, seu falar, seu caminhar estão
controlados pelo Espírito de Deus.
Sua personalidade, então, faz diferença pela influência altamente
positiva sobre as pessoas para as quais sua vida se torna exemplo de entrega,
dedicação e consagração. É uma pessoa santa, no sentido real da palavra: é uma
pessoa diferente.
Esse diferencial fará o contexto de Efésios 5.18 parecer coisa
facílima para o detentor da plenitude ou enchimento do Espírito, no caso em
questão o diácono ou a diaconisa. Vai ser fácil:
Andar prudentemente (v. 15);
Não ser insensato (v. 17);
Falar a modo de louvor (v.19)
Dar graças a Deus por tudo, mesmo as amargas lições da vida (v.20)
Sujeitar-se em amor e no temor de Jesus Cristo a outras pessoas
(v.21).
E, ainda,
Ser imitador de Deus (v.1);
Andar em amor (v.2)
Entregar-se como sacrifício a Deus (v.2),
porque tudo isso, e mais se poderia dizer, é ser controlado pelo
Espírito Santo. Isso é ser um diácono ou uma diaconisa em quem habita a
plenitude do Espírito de Deus.
SABEDORIA
Diz-se hochmah em hebraico, e sophia em grego. São palavras
interessantes pela riqueza de conceitos que possuem.
Não foi coisa pequena o Espírito de Deus ter inspirado os apóstolos a
colocarem como requisito para o diaconato a sabedoria. Ao lado da
confiabilidade e da plenitude do Espírito, a sabedoria é uma ferramenta
preciosa que dá facilita a tarefa diaconal como conselheiro e auxiliar do seu
pastor.
Um breve exame da presença desta virtude nas páginas do Antigo e do
Novo Testamentos atesta como é relevante:
¨ "Bem-aventurado o homem que encontra sabedoria..." (Pv.
3.13a);
¨ "A sabedoria é suprema; portanto, adquire a sabedoria...
Estima-a e ela te exaltará; abraça-a, e ela te honrará"" (Pv. 4.7,
8);
¨ "Não cessamos de orar por vós, e de pedir que sejais cheios do
pleno conhecimento da sua vontade; em toda a sabedoria e entendimento
espiritual" (Cl 1.9);
¨ "Andai com sabedoria..." (Cl 4.5a).
E seguiríamos adiante porque no AT, a hochmah, e no NT, a sophia são
predicados de quem caminha na vereda dos justos.
RESPEITO É BOM...
O título nada tem a ver com a malcriada reação de algumas pessoas.
Realmente, visa a destacar a próxima qualidade do diácono: sua
respeitabilidade.
Chama a atenção o fato de que essa virtude é via de mão dupla: o
diácono se faz respeitar e respeita a quem serve. Recordemos que o dever de
respeitar se faz presente em toda a Bíblia. E como, ao lado do ser servo, são
líderes na Casa de Deus, "o ancião e o homem de respeito são a cabeça",
ensina Provérbios 9.15a. Não ensina a Palavra que "a quem honra,
honra"? (Rm 13.7).
Na língua hebraica, a palavra para "respeito" e
"honra" é kavod (dbk). É a mesma que conceitua "intensidade,
peso, prestígio, brilho". Kavod é "a glória de Deus", é o
"peso moral" de alguém. Por essa razão, tem aplicação tão adequada a
esta função de servo da comunidade, de líder comunitário, de pessoa a serviço
de Deus e dos santos.
PALAVRA FIRME
A próxima característica do diácono, de acordo com a Palavra Santa, é
a firmeza de sua palavra. É o que destaca a Primeira Carta a Timóteo, capítulo
3, verso 8. Aliás, é preceito que está na palavra de Jesus Cristo, que disse, e
aqui uso a Bíblia Sagrada em Português Corrente: "Basta que digas 'sim',
quando for sim, e 'não', quando for não. Tudo o que passa disso é obra do
Diabo" (Mt 5.37). Assim é o caráter diaconal.
Outra tradução do Novo Testamento usa a palavra "sincero"
para expressar o conceito acima. Palavra interessante esta. Sincero; dizem os
especialistas no assunto que vem do teatro greco-romano. Sentimentos eram
expressos com o uso de máscaras de cera. Se a expressão era de alegria ou de
tristeza, usava o ator a máscara correspondente. No normal, era mostrada a face
sem cera (sin + cera), Ficou claro, não é?
Uma pessoa sincera é a que se apresenta sem máscaras, e cuja palavra é
firme. Mas não se confunda sinceridade com falta de educação. "Eu sou
muito franca", diz alguém, e em seguida faz uma exibição gratuita de má
educação social.
Sinceridade tem, realmente, a ver com a operação do Espírito Santo.
Sinceridade endossa o dito anteriormente: a confiabilidade, a plenitude do
Espírito, a sabedoria e a respeitabilidade, apanágios do diácono!
TEMPERANÇA
Nem oito, nem oitenta: temperança. A próxima característica do é sua
capacidade de equilíbrio representada por essa palavra acima. A função diaconal
é solicitada basicamente com respeito à sua sensibilidade e em estar alerta
para com as necessidades da igreja a que serve. Como auxiliar do seu pastor, o
diácono e a diaconisa são os olhos da igreja para detectar que família ou irmão
tem necessidades especiais e urgentes. O livro dos Atos destaca essas
necessidades particulares ao dizer que as viúvas [dos gregos] "eram
desprezadas na distribuição diária de alimento" (6.1)
Esses homens e mulheres sensíveis e atentos estão investidos daqueles
traços espirituais e éticos, que, aliados ao necessário equilíbrio de uma vida
temperante, os habilitarão ao exercício correto e adequado dessa importante
função.
Não esqueçamos que o mesmo apóstolo Paulo que, pela inspiração do
Espírito diz, "os diáconos sejam... não dados a muito vinho" é o que
afirma pelo Espírito, "E não vos embriagueis com vinho, em quem há
devassidão, mas enchei-vos do Espírito". Ao Espírito, pois!
A TENTAÇÃO DAS RIQUEZAS
O texto de 1Timóteo 3.8 tem traduções variadas. O objetivo é deixar
bem esclarecido o ensino de Paulo. A segunda edição da RAB diz " Não
cobiçosos de sórdida ganância". A TLH diz "[Os diáconos não devem]
ser gananciosos". A Edição Pastoral deixa bem claro, "[Os diáconos
não]... ávidos de lucros vergonhosos". Em todos os casos, o Apóstolo quer
deixar explícito que a inveja, a avidez, a cobiça, a ganância, o desejo de
amealhar pelo amealhar, a ânsia de ganhar pelo ganhar não combinam com as altas
qualidades esperadas do diácono e da diaconisa batistas.
No Sermão da Montanha, está registrada a palavra de Jesus que diz,
"Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e
amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a
Deus e a Mamom (riquezas)". Palavra mais direta não poderia haver.
O diácono há de ser um desprendido das coisas materiais. Não é um
imprevidente, um perdulário. Não pode ser, no entanto, um sovina, um somítico
porque não é servo do dinheiro, mas faz do dinheiro seu servo para a grandeza
do reino de Deus.
CONSCIÊNCIA LIMPA
Esta característica diaconal é até acentuada no Salmo 24, no qual
Davi, o poeta, faz a seguinte pergunta, "Quem subirá ao monte do Senhor?
Quem há de permanecer no seu lugar santo?" A resposta óbvia, e que nasce
do caráter do próprio caráter de Deus vem a seguir, "O que é limpo de mãos
e puro de coração, que não entrega a sua alma à falsidade, nem jura
dolosamente".
Não pode ser de outro modo, porque estamos tratando de consciência
limpa, algo que há de ser perfeitamente natural ao caráter cristão. Natural é
aquilo que forma a essência de algo. A Palavra de Deus salienta que "se
alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que
se fizeram novas" (2Co 5.17). Mas só se está em Cristo; se não possui a
mente de Cristo nem vive o estilo de vida do Mestre, tudo continua como era: na
malignidade. A diferença está no fato que "o sangue de Jesus... nos
purifica de todo o pecado" (1Jo 1.7b). Aí, nosso caráter é todo outro: não
somos rancorosos, preconceituosos, invejosos, irascíveis, fingidos e desleais.
Esse é o caráter do diácono e da diaconisa cristãos; esse é o caráter do
cristão, da nova criatura em Cristo, purificada pelo sangue de Cristo, do que
tem a consciência limpa.
NADA A REPARAR
Como ensina o texto de 1Timóteo 3.10: "se [os candidatos a derem
diáconos] se mostrarem irrepreensíveis, exerçam o diaconato". O que de tão
correto e justo não precisa de reparo, de qualquer justificativa ou explicação
é qualificado como irrepreensível, quer dizer, não merece repreensão.
É; a postura do diácono há de ser absolutamente correta. Não pode ser
objeto de comentário, censura ou observações desairosas por parte de quem quer
que seja. No trato com os irmãos em Cristo, perfeitamente correto; com os
descrentes, cordial e respeitoso.
Diáconos e diaconisas são facilitadores muito especiais da Obra de
Jesus Cristo. Nada que eles façam deve ser para embaraçar, atrapalhar,
prejudicar o bom testemunho e o crescimento do Reino de Deus. Daí, a
necessidade de correção nas palavras, justeza nas ações, boas intenções nos
pensamentos porque o que fizer, mesmo inconscientemente, resultará em benefício
ou prejuízo para a Causa do Senhor, e glória do Seu Nome.
E como, vezes tantas, a única Bíblia a ser lida por certas pessoas é
sua vida, tão somente sua vida, mais necessária se faz a conscientização de que
diáconos, diaconisas.
O DIÁCONO COMO CHEFE DE FAMÍLIA
Segundo a Escritura Sagrada, o diácono deve ser um padrão como chefe
de família. Não pode ser algo menos que isso, pois é uma recomendação bíblica,
além de ser ponto de evidente senso comum. O que o texto sagrado quer deixar
claro é que deve ser o diácono um bom gestor da vida familiar, um exemplo de
marido, deixando esposa e filhos tranqüilos em relação ao presente, e provendo
para o futuro. Uma das clássicas versões do Novo Testamento assim coloca,
"o diácono seja marido de uma só mulher e governe bem seus filhos e a
própria casa" (1Tm 3.12 ARA).
A Bíblia Sagrada tem um especialíssimo lugar para a família. O relato
do seu primeiro livro é que Deus a criou debaixo de Sua bênção. A família
submissa a Deus é, portanto, abençoada e abençoadora. Seus filhos são as
"flechas nas mãos do guerreiro" do Salmo 127, e os "rebentos de
oliveira" do Salmo seguinte. Imagine-os no lar do diácono que há de ser,
por esse motivo, um exemplo na casa do Senhor?
BOM MARIDO E BOM PAI
É como diz o texto sagrado: "O diácono seja marido de uma só
mulher e governe bem seus filhos e a própria casa" (1Tm 3. 12). O diácono
há de ser amante da disciplina.
A disciplina, que começa em casa, mantém seu casamento estável e seus
filhos em sujeição. A disciplina mantém sua vida espiritual equilibrada, o que
trará como conseqüência uma consciência tranqüila, um coração alerta do qual
procederão conselhos e ponderações que somente ajudarão a igreja e seu pastor a
prosseguir no seu caminho.
Uma vida conjugal bem ajustada, uma família criada aos pés de Jesus
Cristo, compreensão e carinho entre os familiares, testemunho fiel dos pais,
bom procedimento dos filhos, são basilares para que o mundo veja a diferença
que Cristo faz na vida. Afinal, diz a Santa Palavra que "Se alguém está em
Cristo é uma nova criatura", e as coisas do passado ficaram para trás
porque tudo é novidade de vida.
"...quanto às mulheres..."
Deste modo, Paulo inicia suas instruções com relação às diaconisas.
Tudo o que foi dito aos candidatos homens ao diaconato tem pertinência com
respeito às candidatas. A dignidade é a mesma, por essa razão, "devem ser
dignas de respeito, não maldizentes, ajuizadas, fiéis em todas as coisas"
(1Tm 3.11, Edição Pastoral).
É digno de observação que Paulo faz um especial destaque quando fala
das candidatas a este ministério. Devem ser elas não maldizentes; ajuizadas;
fiéis em todas as coisas.
Esse diferencial tem cabimento, visto que as mulheres cristãs são
pessoas tão especiais que o apóstolo Pedro na sua Primeira Carta, capítulo 3.4
coloca como qualidade distintiva das senhoras e jovens cristãs "o
incorruptível trajo de um espírito manso e tranqüilo" (VRA) ou, como diz a
Edição Pastoral, "o enfeite inalterável de caráter suave e sereno" O
apóstolo é bem claro: é necessário que as queridas irmãs sejam
"respeitáveis, não maldizentes, temperantes e fiéis em tudo", assim
verte a ARA, o que a BSPC coloca como "dignas, não murmuradoras, pessoas
de bom senso e fiéis em tudo".
Realmente, se há um destaque, é porque diaconisas são pessoas
especiais. Purificadas de seus pecados pelo sangue de Jesus, como ensina João,
filhas amadas de Deus, influentes na congregação dos crentes, são, em verdade,
criaturas muito especiais. São senhoras de uma dignidade ou respeitabilidade a
toda prova, não passam adiante o que alguém lhe confidencia, nem aceitam de
primeira o que lhe chega aos ouvidos sobre outros irmãos, por isso não podem
ser maldizentes ou murmuradoras. Equilibradas em tudo o que pensam, dizem e
realizam, quer dizer, temperantes ou de bom senso. Fiéis. Essa é a maior prova
de lealdade ao Mestre e Sua Igreja, à Denominação a quem servem, e à igreja
local onde exercem o ministério da diaconia.
QUE FAZ UM DIÁCONO?
Sim; quais as funções de um diácono numa igreja evangélica? Que é um
dos oficiais da igreja, juntamente com o pastor, já o sabemos. Porém, qual a
sua tarefa básica?
Em outro grupo religioso, o diaconato é um passo para chegar ao
sacerdócio. O seminarista é ordenado diácono, estagia por algum tempo, e vai ascendendo
até ser ordenado sacerdote, quando, segundo a doutrina do grupo, recebe o
direito de fazer a transformação do pão na carne de Cristo e do vinho no Seu
sangue, assim como o poder de perdoar os pecados alheios. A Bíblia, aliás, nada
fala sobre essas práticas.
A Palavra de Deus explica que o diaconato nasceu de uma preocupação
social. O livro dos Atos dos Apóstolos no seu capítulo 6 registra as razões
para a instituição desses oficiais na igreja: o aumento dos novos discípulos, a
murmuração de um segmento que julgava ser preterido na distribuição de
"cestas básicas", o desvio dos pastores de suas funções com a
preocupação com a distribuição diária dos gêneros alimentícios e assemelhados.
A MESA DOS POBRES
O que motiva nossa reflexão ainda é a pergunta "Que faz um
diácono?" Segundo o apreciado mestre e doutrinador batista, Dr. W. C.
Taylor, em seu renomado e esgotado Manual das Igrejas, os diáconos são
responsáveis por três mesas:
à A Mesa dos Pobres;
Cuidando dos Necessitados
Pois nunca deixará de haver pobre na terra; por isso, eu te ordeno:
livremente, abrirás a mão para o teu irmão, para o necessitado, para o pobre na
tua terra. Deuteronômio 15:11
A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta:
visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se
incontaminado do mundo.Tiago 1:27
Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente
aos domésticos da fé. (Gálatas 6 : 10)
Comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade;
(Romanos 12 : 13)
O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas
necessidades em glória, por Cristo Jesus. (Filipenses 4 : 19)
À MESA DA IGREJA
Fizeram-lhe, pois, ali uma ceia, e Marta servia, e Lázaro era um dos
que estavam à mesa com ele. (João 12 : 2)
E Jesus tomou os pães e, havendo dado graças, repartiu-os pelos
discípulos, e os discípulos pelos que estavam assentados; e igualmente também
dos peixes, quanto eles queriam. (João 6 : 11)
Ele, porém, respondendo, lhes disse: Dai-lhes vós de comer. (Marcos 6
: 37)
Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua
família, negou a fé, e é pior do que o infiel. (I Timóteo 5 : 8)
À MESA DO PASTOR
Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a
fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver. (Hebreus 13 : 7)
Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de
duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina; (I
Timóteo 5 : 17)
Todos os servos que estão debaixo do jugo estimem a seus senhores por
dignos de toda a honra, para que o nome de Deus e a doutrina não sejam
blasfemados. (I Timóteo 6 : 1)
A divisão é auto-explicável, pois a Mesa dos Pobres é a ação
beneficente que encontra sua fonte na própria instituição do diaconato. `'E tão
somente ir a Atos 6.2, quando homens especiais foram separados para essa tarefa
delicada e especial da assessoria, visitação, triagem e distribuição dos
gêneros, ou como escreveu Lucas "servir às mesas".
A Mesa da Igreja é a celebração memorial da morte de Jesus Cristo, que
periodicamente realizamos. Por ocasião da Ceia do Senhor, nós nos inspiramos e
alegramos, e vivemos a esperança do retorno de Cristo para buscar a Sua Igreja.
Os diáconos cuidam dessa inspiradora tarefa.
Quanto à Mesa do Pastor, refere-se o Dr. Taylor ao cuidado e
sensibilidade especiais que devem ter os diáconos para que o Pastor da igreja e
sua família não passem privações econômicas pelo fato de tantas vezes sofrerem
calados pressões financeiras fazendo-o, vezes tantas, buscar uma segunda fonte
de renda para poder dar dignidade aos seus, adquirir livros, jornais e revistas
que lhe sirvam de instrumental para seu ensino e pregações para o bem de seu
rebanho.
Que faz um diácono? Fica alerta para as necessidades de seus irmãos de
fé, sendo ele mesmo o primeiro a ser abençoado.
RECOMENDAÇÕES
Continuando nossas reflexões sobre a instituição do diaconato,
desejamos lembrar aos irmãos que a palavra diácono e seus derivados
("servir, ministrar", "serviço, ministério") aparecem cerca
de setenta vezes no Novo Testamento. Basicamente, ser diácono é ser servo ou
ajudante. E, embora pareçam palavras tão diversas, diácono e ministro querem
dizer a mesma coisa, vindo a primeira do grego e a segunda do latim. Assim
Paulo descreve o trabalho de Epafras e o seu próprio (Cl 1.7, 23, 25).
Diácono é, então, um servo. A rigor, alguém que serve a mesa de outro.
E nesse fato está todo o belo sentido espiritual da função diaconal, pois o
nosso Deus é o diácono por excelência, à luz do Salmo 23.5, "preparas uma
mesa perante mim..." E Jesus Cristo, o diácono sem igual, que serve a mesa
do Seu povo, como diz Marcos 10.45, "o Filho do Homem não veio para ser
servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos".
TODA UMA HISTÓRIA
Há toda uma história por trás da instituição do diaconato. Está
relacionada com o evento registrado em Atos 6.1-6 (seleção e consagração dos
Sete para ajudar os Doze na distribuição de ajuda às viúvas gregas.
Há quem se perturbe porque Lucas, o escritor dos Atos, não usa a
palavra diácono. Talvez porque não percebam que ele usou o verbo
"diaconizar", "fazer o trabalho de diácono" (= servir) no
verso 2, e a palavra diakonia nos versos 1 e 4, traduzida por "distribuição"
e "ministério", respectivamente. Portanto, a ênfase sobre o serviço
social na Igreja apostólica tornou a palavra diácono um termo especialmente
adequado a tais pessoas.
Além disso, era prática dos antigos crentes a chamada "festa do
amor" (ágape) que envolvia dois fatos: a celebração da Ceia do Senhor, e o
ministério de distribuição de alimento e ajuda financeira. Relatos antigos dão
conta de que os diáconos recebiam as ofertas e ajudavam na administração dos
elementos da Ceia.
Hipólito, um dos teólogos da Igreja antiga, fala de diáconos
trabalhando com o seu pastor em funções litúrgicas (culto) e pastorais.
Diáconos, diz ele, visitavam os enfermos, os pobres e os indigentes. Visitavam
especialmente viúvas, órfãos e prisioneiros. Informavam ao pastor, e levavam
aos visitados a ajuda da igreja. O governador da Bitínia, no ano 112, escreveu
ao imperador Trajano, e informa que havia ordenado a tortura de duas mulheres
cristãs que eram diaconisas.
Que faziam as diaconisas? Pelo menos, três coisas:
Ajudavam no batismo das mulheres;
Visitavam as casas de incrédulos (pagãos), onde havia mulheres
cristãs;
Visitavam as irmãs enfermas, e ajudavam-nas em suas necessidades, e
davam banho quando já em convalescença.
Sem dúvida, há uma tocante e extraordinária história de fé e serviço
na instituição da função diaconal, homens e mulheres ordenados a servir. Por
isso, o diaconato, a diaconia, é o alicerce de todo o ministério da igreja, e a
marca da Igreja como Corpo de Cristo.
O DIÁCONO E SEUS FUNDAMENTOS
O diácono é o oficial eleito para dedicar-se especialmente à:
Obras o sociais;
Arrecadação de recursos para fins piedosos;
Cuida dos pobres, doentes e inválidos órfãos e viúvas;
Zelar pela ordem e reverencia nos lugares reservados ao serviço
divino;
Exercer a fiscalização para que haja boa ordem na Casa de Deus e suas
dependências.
Compete ao diaconato sondar a situação financeira dos membros, como
também dos novos decididos, tendo como objetivo à elaboração de um cadastro de
todos os irmãos que se enquadram na lista dos mais necessitados, cujas
características devem ser antecipadamente definidas (I Timóteo 5:8-9). Devendo,
também, levando-se em conta os recursos disponíveis, e as necessidades dos
órfãos, viúvas e pobres, definir as prioridades a serem atendidas
ASSISTENCIA LITURGICA
Tudo, porém, seja feito com decência e ordem 1 Coríntios 14:40
Embora não haja preceitos bíblicos nos quais possamos identificar as
tarefas diaconais relativas à liturgia é compreensível que sendo o diácono um
servo da igreja, nada o impede de tomar parte no bom desempenho dos cultos e
reuniões, agindo ativamente nas seguintes tarefas:
a) Recepção e indicação de lugares
b) Auxiliar na Ceia do Senhor
c) Ajudar na cerimônia batismal
d) Orientar a reverência no recinto da igreja
PARTICIPANDO DA EVANGELIZAÇÃO
e não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito, pelo qual ele falava.
Atos 6:10
No exemplo bíblico de Estevão, a Palavra de Deus nos mostra que também
é função do diácono o trabalho de evangelismo, tanto na área interna, visitando
aos membros principalmente se este estiver enfermo, e promovendo a integração
dos neófitos, quanto à área externa dando estudo bíblico e visitando as pessoas
interessadas.
RELATANDO AS ATIVIDADES
Embora pareçam ser trabalhos burocráticos, são de extrema necessidade
para o bom acompanhamento e transparência da ação social da igreja, pelo que se
recomenda que o diaconato se responsabilize pelas seguintes tarefas:
a) Escala de diáconos responsáveis pela limpeza e proteção ao
patrimônio da igreja
b) Descrição da ação social realizada no mês
c) Publicação de uma prestação de contas dos recursos utilizados no
mês.
A palavra de Deus traduz o termo “diácono” como serviço, ministério,
assistência. Portanto, o diácono é aquele que, seguindo o exemplo de Jesus
Cristo, que veio especial para servir (Mt 20:28), tem o dom se servir às
pessoas, para a Glória de Deus.
REQUISITOS BÁSICOS PARA O
OFICIO DE DIÁCONO
1. SER VOCACIONADO: O que faz válido um oficio de diácono é a vocação,
de modo que ninguém pode executá-lo correta e ordenadamente sem haver sido
chamado antes por Deus. A eleição do diácono é uma evidência de que Deus
vocacionou aquele irmão para este oficio.
2.SER DISCÍPULO DE JESUS CRISTO: Os diáconos eleitos pela igreja são
escolhidos entre os discípulos de Jesus Cristo (Atos 6:1,3).
3. TER BOA REPUTAÇÃO: O diácono precisa e teve ter o reconhecimento
perante a igreja e a sociedade de uma vida digna (Atos 6:3).
4. SER CHEIO DO ESPÍRITO SANTO DE DEUS: Como todo o bom cristão, o
diácono precisa e necessita ser cheio do Espírito Santo, para desempenha as
suas atividades dignamente, demonstrando alegria, paz, amor longanimidade e
mansidão ect...
5. SER UM CRISTÃO RESPEITÁVEL: O diácono deve ter um procedimento
sério, digno de todo respeito e admiração por parte de todos na igreja.
6.SER CHEIO DE SABEDORIA: Sabedoria concedida pelo Espírito Santo para
saberem como resolver os problemas que existem e os que vão surgi.
7. TER UMA SÓ PALAVRA: Não deve ser um difamador ou mexeriqueiro, não
deve ser alguém que pense uma coisa e diga outra totalmente diferente, não deve
ser uma pessoa que diz uma coisa para pessoa e algo diferente para outra.
8. DEVE CONSERVAR O MINISTÉRIO DA FÉ COM A CONSCIÊNCIA LIMPA: O
diácono deve conservar-se firme na revelação graciosa de Deus, com a
consciência pura, sem contaminações intelectuais, espirituais e morais (II Tm
3:9).
9. NÃO COBIÇOSOS DE SÓRDIDA GANÂNCIA: O diácono não pode ser alguém
que lucra desonestamente. O lucro em si não é pecaminoso, contudo ele pode ser
torna vergonhoso se sua obtenção passa a ser o nosso objetivo primário, em
detrimento da glória de Deus.
10.SEJAM PRIMEIRAMENTE EXPERIMENTADOS: A conduta do diácono deve ser tão
boa que ninguém tenha do que o acusar. Este reconhecimento deve ser por parte
da igreja e também da sociedade. Também sejam estes primeiramente
experimentados; e, se (eles) se mostrarem irrepreensíveis, que exerçam o
diaconato (I Tm 3:10).
RECOMPENSAS PARA UM DIÁCONO
FIEL
A honra concedida por Deus: Se alguém me serve, siga-me, e, onde Eu
estou, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servi, o Pai o honrará
(João 12:26). O reconhecimento da igreja de Cristo e maior firmeza na fé: Pois
os que desempenham bem o diaconato alcançam para si mesmos, justa preeminência
e muita intrepidez na fé em Cristo Jesus (I Timoteo 3:13). Lembrança graciosa
de Deus: Porque Deus não é injusto para ficar esquecido do vosso trabalho e do
amor que evidenciastes para com o seu nome, pois servistes e ainda servis aos
santos (Hebreus 6:10).
O QUE A IGREJA ESPERA DOS
DIÁCONOS
Ser assíduo e pontual no cumprimento de seus deveres (priorizar o
Reino de Deus).
Ser constante, dizimista e ofertante, demonstrando assim exemplo para
os demais irmãos da fé.
Ser irrepreensível na moral, sãos na fé, prudente no agir, discreto no
falar e exemplo de santidade de vida.
QUANTO AS PROGRAMAÇÕES DA
IGREJA
Sempre presente em quaisquer atividades realizadas na igreja. (cultos,
festividades etc.)
QUANTO AO CUIDADO DO DIÁCONO
Zelar pela boa aparência da sua igreja.
Procurar manter tudo organizado e em bom estado de uso para os cultos.
Ele deve saber de tudo o que a igreja possui, e as necessidades da sua
igreja.
Impedir que alguém contribua para a desordem.
OBSERVAÇÕES FUNDAMENTAIS:
O diácono deve ser sempre o primeiro a chegar e o último a sair.
Abrir a igreja e verificar se está tudo em ordem, se não estiver,
organizá-la.
Esta sempre alegre e cheia do Espírito Santo para recepcionar os
irmãos.
Orar ao Senhor, pedindo-lhe orientação e benções para o trabalho que
será realizado.
Ficar à porta recepcionando os irmãos e visitantes que forem chegando,
tratando-os muito bem para que possam retornar.
Pedir e fazer sinal de silêncio às pessoas que chegarem conversando.
Permanecer à porta, posicionado de forma a ter uma boa visão da rua e
do templo.
Mostra exemplo de ordem, reverência na igreja.
Exorta os irmãos e visitantes quanto às conversas paralelas ou
desordens provocadas.
Acompanhar atento todos os atos do culto.
Está sempre atento ao olhar do pastor, verificando se o Pr. Não está
precisando de alguma coisa.
Verificar sempre a cada culto, se no púlpito há: água, copos, óleo
ungido, cadeiras suficientes, caneta, harpa, cantor cristão, a disposição dos
ministros etc.
Auxiliar os irmãos e visitantes no momento da leitura da palavra, como
também no momento do ofertório
APÓS AS ATIVIDADES:
Recolhe hinários, pastas e papéis que ficarem sobre as cadeiras,
deixando-os já prontos organizados para os próximos cultos ou trabalhos na
igreja.
Apagar as luzes dentro e fora da igreja.
Fechar a igreja corretamente depois que todos saírem.
Havendo dado o exemplo do que é ser servo, Jesus Cristo chamou os
discípulos para o caminho do serviço (Jo 13.14, 15). Esse é o significado do
título desta reflexão, palavra que criamos com o verbo "diaconizar",
agir como diácono, como servo.
“Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e
não para o homem” (Colossenses 3:23). “E eis que venho sem demora, e comigo
está o galardão que tenho para retribui a cada um segundo as suas obras”
(Apocalipse 22:12).
CONTINUA
José Alfinyahu, Teólogo, Parapsicólogo, Psicanalista, Professor, Th.M em bíblia e Th.D em Teologia Sistemática.
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